Ouvidoria da UFCA fomenta educação em Direitos Humanos através de quadrinhos

Publicado em 10/09/2018. Atualizado em 31/10/2022 às 11h18

Tirinha com cinco quadrinhos. No primeiro, um homem de terno e bigode vai começar uma apresentação em slides. No fundo, o slide com o título "os avanços dos direitos humanos no Brasil". Ele diz "Vamos ao primeiro slide da palestra de hoje". No segundo quadrinho, uma imagem da vereadora Marielle Franco, com o texto "Marielle Presente". O homem diz "ué". No terceiro quadrinho, uma imagem de um caixão com uma blusa escolar ensanguentada, do menino que foi assassinado pela polícia numa ação na comunidade no Rio de Janeiro. O homem diz "Eita! Calma aí pessoal... Onde que... É...". No terceiro quadrinho, uma imagem da Igreja da Sé em Crato, Ceará, com uma mulher deitada no chão, que foi vítima de feminicídio. O homem diz "Onde que desliga isso?". No último quadrinho, ele consegue desligar o data show e diz, envergonhado: "Então pessoal..."
Tirinha da Ouvidoria da UFCA sobre direitos humanos

Com o objetivo de fomentar a discussão sobre a educação em direitos humanos na universidade, a Ouvidoria Geral da Universidade Federal do Cariri (UFCA) lança este mês o projeto “Direitos Humanos em Quadrinhos”.

O projeto propõe a criação e o compartilhamento de materiais que estimulem atitudes e comportamentos decorrentes de uma cultura de respeito à dignidade humana, utilizando a linguagem das histórias em quadrinhos para trazer à tona questões de visibilidade sobre grupos minoritários, tendo como foco a promoção de uma cultura de respeito às diferenças.

Ao pensar na utilização das histórias em quadrinhos, o projeto propõe também novas perspectivas de acesso à informação dentro da Universidade, pensando o componente visual proporcionado pelo formato como um elemento facilitador da comunicação.

As histórias em quadrinhos serão publicadas todas as quartas-feiras nos canais oficiais de comunicação da UFCA, acompanhadas por um texto explicativo que contextualize o tema abordado nas imagens.

Confira a primeira história, lançada nesta segunda-feira.


Você já ouviu falar sobre direitos humanos?

Aposto que a sua resposta foi afirmativa. Contudo, o mais provável é que tenha lhe chegado a noção genérica de que eles abarcam todos os seres humanos, ou, ainda, o entendimento raso – e equivocado – de que só se destinam aos “bandidos”. Apesar desses entendimentos estarem incompletos ou equivocados, eles não estão errados: o errado é achar que direitos humanos se resumem a isso. E pior, imaginá-los como um mecanismo de merecimento ou pertencimento, como algo a ser barganhado.

Séculos atrás um grupo de pessoas se reuniu contra um governo abusivo e mostrou o que a força do posicionamento e da cidadania poderia fazer, propiciando a criação da “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, a primeira declaração de direitos, que visava abarcar toda a humanidade e defendia a igualdade entre todos os seres humanos. Foi uma verdadeira revolução, a Revolução Francesa. E em diversos eventos posteriores, a procura por condições básicas à humanidade continuou de forma intensa, ainda que essa busca, por si só, seja contraditória, pois dignidade humana deveria – e é – intrínseca ao ser humano. Pois é, falar sobre direitos humanos é complexo, mas ao mesmo tempo incrivelmente simples: óbvio até. Eles estão infiltrados nos nossos dias.

Sabe aquela situação de não proporcionar aos reclusos um ambiente digno, com trabalho, educação e saúde e, portanto, não oferecer oportunidades para uma ressocialização? Aquele enfermo que busca assistência? Aquela travesti da novela retratando a realidade de quem tem 35 anos de média de vida no nosso país? Tudo isso representa a busca por dignidade, por respeito aos mais básicos pilares da existência. Por que, então, o oferecimento destes ainda peca pela falta em tantas realidades? Por que, então, falar sobre eles é tão limitado, quase um tabu? Por que eles sempre são remetidos a parcelas, digamos, “marginalizadas” da sociedade, e sempre com um teor pejorativo?

Exatamente porque os direitos que são polemizados, que causam estranheza, são aqueles quase nunca pensados, nunca levados em consideração. Já pararam para pensar nisso? E pior: a forma como reagimos a eles diz muito sobre como as pessoas a quem eles se destinam são enxergadas. Expressa quão humanas elas são consideradas dentro desses direitos para humanos. É aquele questionamento que causa embrulho no estômago: “Direitos humanos para quais humanos?”! Eles pertencem a todos, sem distinção! Mas é perceptível que certas parcelas são mais mencionadas ou causam mais polêmicas que outras. E isso existe porque, enquanto para uma parte da população os direitos são tão naturalizados ao ponto de se tornarem quase que imperceptíveis, pra outras eles causam estranheza, comoção, choque. É quase como se a gente fizesse um ranking de quem é mais humano e menos humano. E isso é perturbadoramente assustador. E é por isso que a luta deve continuar.

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