Ouvidoria da UFCA fomenta educação em Direitos Humanos através de quadrinhos
Publicado em 10/09/2018. Atualizado em 31/10/2022 às 11h18
Com o objetivo de fomentar a discussão sobre a educação em direitos humanos na universidade, a Ouvidoria Geral da Universidade Federal do Cariri (UFCA) lança este mês o projeto “Direitos Humanos em Quadrinhos”.
O projeto propõe a criação e o compartilhamento de materiais que estimulem atitudes e comportamentos decorrentes de uma cultura de respeito à dignidade humana, utilizando a linguagem das histórias em quadrinhos para trazer à tona questões de visibilidade sobre grupos minoritários, tendo como foco a promoção de uma cultura de respeito às diferenças.
Ao pensar na utilização das histórias em quadrinhos, o projeto propõe também novas perspectivas de acesso à informação dentro da Universidade, pensando o componente visual proporcionado pelo formato como um elemento facilitador da comunicação.
As histórias em quadrinhos serão publicadas todas as quartas-feiras nos canais oficiais de comunicação da UFCA, acompanhadas por um texto explicativo que contextualize o tema abordado nas imagens.
Confira a primeira história, lançada nesta segunda-feira.
Você já ouviu falar sobre direitos humanos?
Aposto que a sua resposta foi afirmativa. Contudo, o mais provável é que tenha lhe chegado a noção genérica de que eles abarcam todos os seres humanos, ou, ainda, o entendimento raso – e equivocado – de que só se destinam aos “bandidos”. Apesar desses entendimentos estarem incompletos ou equivocados, eles não estão errados: o errado é achar que direitos humanos se resumem a isso. E pior, imaginá-los como um mecanismo de merecimento ou pertencimento, como algo a ser barganhado.
Séculos atrás um grupo de pessoas se reuniu contra um governo abusivo e mostrou o que a força do posicionamento e da cidadania poderia fazer, propiciando a criação da “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, a primeira declaração de direitos, que visava abarcar toda a humanidade e defendia a igualdade entre todos os seres humanos. Foi uma verdadeira revolução, a Revolução Francesa. E em diversos eventos posteriores, a procura por condições básicas à humanidade continuou de forma intensa, ainda que essa busca, por si só, seja contraditória, pois dignidade humana deveria – e é – intrínseca ao ser humano. Pois é, falar sobre direitos humanos é complexo, mas ao mesmo tempo incrivelmente simples: óbvio até. Eles estão infiltrados nos nossos dias.
Sabe aquela situação de não proporcionar aos reclusos um ambiente digno, com trabalho, educação e saúde e, portanto, não oferecer oportunidades para uma ressocialização? Aquele enfermo que busca assistência? Aquela travesti da novela retratando a realidade de quem tem 35 anos de média de vida no nosso país? Tudo isso representa a busca por dignidade, por respeito aos mais básicos pilares da existência. Por que, então, o oferecimento destes ainda peca pela falta em tantas realidades? Por que, então, falar sobre eles é tão limitado, quase um tabu? Por que eles sempre são remetidos a parcelas, digamos, “marginalizadas” da sociedade, e sempre com um teor pejorativo?
Exatamente porque os direitos que são polemizados, que causam estranheza, são aqueles quase nunca pensados, nunca levados em consideração. Já pararam para pensar nisso? E pior: a forma como reagimos a eles diz muito sobre como as pessoas a quem eles se destinam são enxergadas. Expressa quão humanas elas são consideradas dentro desses direitos para humanos. É aquele questionamento que causa embrulho no estômago: “Direitos humanos para quais humanos?”! Eles pertencem a todos, sem distinção! Mas é perceptível que certas parcelas são mais mencionadas ou causam mais polêmicas que outras. E isso existe porque, enquanto para uma parte da população os direitos são tão naturalizados ao ponto de se tornarem quase que imperceptíveis, pra outras eles causam estranheza, comoção, choque. É quase como se a gente fizesse um ranking de quem é mais humano e menos humano. E isso é perturbadoramente assustador. E é por isso que a luta deve continuar.
Serviço
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