Com pesquisa sobre impacto da Escola Isú-Kariri, estudante da UFCA recebe menção honrosa no 11° Encontro Nacional de Estudantes Indígenas

O trabalho “Escola Indígena Isú-Kariri: trajetória de luta de um povo pelo direito à educação específica e diferenciada”, escrito pela estudante da Universidade Federal do Cariri (UFCA) Ana Beatriz Cidreira Novais, recebeu, em setembro deste ano, a Menção Honrosa Ornaldo Sena no 11° Encontro Nacional de Estudantes Indígenas (Enei). O evento ocorreu na Universidade de Brasília (UnB).

Estudante do curso de Pedagogia no Instituto de Formação de Educadores (IFE/UFCA), Beatriz desenvolveu a pesquisa em parceria com Maria Heloisa Félix da Silva (egressa do curso de Química da UFCA) e com o professor da UFCA Willian Vilela – que orientou a pesquisa.

Conforme explicou Beatriz, o objetivo do trabalho era analisar os impactos da criação da primeira escola indígena em tempo integral do Cariri. A Escola Isú-Kariri, na zona rural de Brejo Santo-CE, atende atualmente estudantes do primeiro ao quinto ano do Ensino Fundamental, da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e da Educação Infantil.

A escola, segundo a discente da UFCA, promove o fortalecimento da identidade cultural indígena e a valorização de línguas dos povos tradicionais: “Com um currículo específico elaborado pela própria comunidade, o projeto inclui o ensino da Língua Dzubukuá-Kipeá e da Língua Brasileira de Sinais (Libras) – assegurando o direito à educação intercultural. Essa conquista trouxe grande satisfação para a comunidade, permitindo a afirmação étnica e combatendo a desvalorização cultural”, destacou Beatriz.

Participante ativa na elaboração do plano pedagógico que fundamenta as diretrizes da escola, Beatriz também ressaltou que escolheu escrever sobre essa temática porque cresceu no território Isú-Kariri e, também, porque valoriza a oportunidade que seus parentes têm de aprender com um currículo que reflete a cultura e a identidade de seu povo.

Escola em Tempo Integral Isú-Kariri

Localizada no Sítio Baixio dos Bastos, na zona rural de Brejo Santo, a Escola Indígena em Tempo Integral Isú-Kariri foi inaugurada em 19 de fevereiro deste ano. A inauguração contou com representantes da comunidade indígena local, do governo municipal e também da UFCA.

Um dos resultados trazidos pela implantação da escola (e que foi apontado pela pesquisa da Beatriz) é a promoção da inclusão e da afirmação da identidade indígena. Esses pontos, futuramente, irão, segundo Beatriz, contribuir para superar barreiras históricas: “A participação ativa da comunidade, especialmente dos jovens e dos anciãos, garantiu autonomia na definição do currículo, motivando a luta por uma educação intercultural e pelo reconhecimento de direitos”, ressaltou.

Encontro Nacional de Estudantes Indígenas

Com o tema “20 anos demarcando as universidades: luta e resistência, efetivando a permanência”, o 11º Enei celebrou duas décadas da presença indígena no Ensino Superior, reunindo estudantes indígenas de todos os estados do Brasil.

O evento foi criado para fortalecer a luta pela permanência e pela inclusão da população indígena nas universidades. 

No primeiro dia do 11º Enei, foi realizada uma série de homenagens para figuras importantes da causa indígena no país. Entre as homenagens, o evento realizou uma cerimônia póstuma dedicada a Ornaldo Sena – médico acreano falecido em março de 2024.

Líder do povo Kaxinawá, Sena formou-se em Medicina pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em São Paulo, e foi importante para a realização do primeiro Enei. Após seu falecimento, o evento passou a premiar os 30 melhores artigos científicos apresentados durante o encontro, com certificados que levam o nome de Ornaldo Sena.

Serviço

Licenciatura em Pedagogia
pedagogia.ife@ufca.edu.br