Conheça os cursos de Graduação da UFCA: Licenciatura em Química
Publicado em 19/06/2023. Atualizado em 20/06/2023 às 08h20
Vagas: 14 vagas anuais
Semestres: 8 semestres
Modalidade: licenciatura
Campus: Brejo Santo
Período: integral (tarde/noite)
A Química é uma ciência muito presente na rotina de qualquer pessoa. Estuda a composição das substâncias e dos elementos, as suas propriedades e as suas transformações. Assim, equipamentos, medicamentos, vacinas, cosméticos, produtos alimentícios, de cuidado pessoal, entre outros, precisam de conhecimentos químicos para serem produzidos.
Quem tem interesse em atuar na área precisa cursar o ensino superior em Química. É uma graduação que dura, em média, quatro anos e habilita o/a profissional a se inserir no mercado de trabalho. As graduações em Química possuem duas modalidades: a licenciatura e o bacharelado. Em ambas, é possível aprender conhecimentos da área, mas quem cursa a primeira modalidade está apto/a a ensinar Química, atuando como docente.
Na licenciatura, assim como no bacharelado, o/a profissional adquire conhecimentos necessários para investigar as substâncias e os elementos, de modo a compreender como utilizá-los na formulação dos produtos que atendam às demandas da Humanidade. Porém, quem opta pela licenciatura atuará, prioritariamente, com o ensino da Química, passando os conhecimentos dessa área para outros/as estudantes.
Várias instituições de ensino superior públicas e privadas do Brasil possuem a graduação em Química (licenciatura ou bacharelado). Na Universidade Federal do Cariri (UFCA), o curso, na modalidade licenciatura, é oferecido desde 2017.1, no Instituto de Formação de Educadores (IFE/UFCA), localizado no município de Brejo Santo. A unidade acadêmica também oferta as licenciaturas em Física, em Biologia e em Matemática, além do curso Interdisciplinar em Ciências Naturais e do curso de Pedagogia (também licenciaturas).
Mudanças na forma de ingresso
Até a edição 2022 do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o curso de Química não era disponibilizado diretamente pela seleção – com ingresso possível apenas para aqueles e aquelas que tivessem cursado, antes, a (então) chamada Licenciatura em Ciências Naturais e Matemática (LICN).
Assim, o curso de Química era considerado de segundo ciclo, conforme explicou a coordenadora interina da formação* (ver fim do texto), professora Letícia Caetano da Silva. Ou seja: quem tinha interesse de ser estudante de Química obrigatoriamente precisava entrar primeiro na LICN, que era disponibilizada no Sisu.
Além do curso de Química, os/as egressos/as da LICN poderiam, se quisessem, ingressar em algum dos demais cursos específicos: Biologia, Matemática, ou Física.
Na edição 2023 do Sisu/UFCA, porém, a forma de entrada em cinco cursos de Brejo Santo mudou. As vagas que antes eram destinadas apenas para a Licenciatura Interdisciplinar foram distribuídas entre os cursos de Química (14), Biologia (14), Matemática (14), Física (14) e LICN (14), que passou a se chamar Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais. Os/as candidatos/as, agora, podem concorrer à Química (ou outra licenciatura específica) no Sisu, sem precisar passar por outro curso.
A chegada de novos/as estudantes também ocorre via editais específicos da UFCA voltados para ingresso de graduados/as e de transferidos/as, caso o número de vagas anuais oferecidas pelo curso de licenciatura em Química, por meio do Sisu, não seja completamente preenchido.
Mudanças no PPC
A mudança na forma de ingresso não foi a única alteração pela qual o curso passou. Para a turma que entrará no semestre 2023.1 (com início previsto para julho de 2023), foi aprovado um novo Projeto Pedagógico de Curso (PPC). O curso agora poderá ser integralizado em, no mínimo, quatro anos (8 semestres), e em, no máximo, seis anos (12 semestres), com disciplinas no período da tarde e da noite.
O PPC é um documento que define todas as diretrizes de um curso de graduação. Cada curso possui seu próprio PPC, que contém informações sobre o histórico, a carga horária, as disciplinas, as políticas institucionais e o propósito daquela graduação.
O documento, aprovado coletivamente, nos cursos nas universidades, também traz definições sobre a gestão acadêmica, as ações de avaliação, o acompanhamento dos egressos, a infraestrutura e os recursos humanos necessários para funcionamento, entre outras informações importantes sobre o curso.
Histórico
De acordo com a professora Letícia Caetano, foi aprovado para o campus Brejo Santo, em 2014, a criação de um instituto de formação de educadores, que veio a se transformar no atual IFE/UFCA. A ideia, segundo a coordenadora, era reunir cursos de formação inicial, ou seja, de licenciaturas nas diversas áreas do conhecimento; de formação continuada e de pós-graduação.
Inicialmente, foi criada a Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais e Matemática, porém era preciso avançar também em outras áreas.
“A partir de diálogos com as secretarias de educação municipal e estadual, detectou-se a carência de uma formação continuada em Ciências Naturais e Matemática, ou seja, além da já existente Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais e Matemática, veio a iniciativa de criação da licenciatura em Química”, explicou o professor do curso de Química, Marcus Venício da Silva Fernandes.
Nesse período, também foram criadas as demais licenciaturas que funcionam no campus, todas com entrada em segundo ciclo. Depois de avaliações sobre esse formato, as mudanças já explicadas foram implementadas e estarão vigorando a partir do início do semestre 2023.1 (que na UFCA iniciará este ano, em julho).
Atualmente o curso dispõe de sete docentes formados na área de Química –um com mestrado (em fase de conclusão de doutoramento), seis com doutorado e dois com pós-doutorado. Há disciplinas também ministradas por docentes das áreas de Libras (Língua Brasileira de Sinais), Física, Biologia e Matemática.
Estrutura curricular
O desenho curricular proposto para o curso de licenciatura em Química da UFCA possibilitará ao/à egresso/a atuar na docência em Ciências da Natureza no ensino fundamental, na disciplina de Química no ensino médio e também no ensino superior. Tem um total de 3.232h/aula, com a carga horária subdividida da seguinte forma:
- 1.584 horas de disciplinas obrigatórias;
- 384 de disciplinas optativas;
- 400 horas de estágio curricular;
- 400 horas de prática como componente curricular (PCC);
- 64 horas de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC);
- 64 horas de atividades complementares;
- 336 horas de extensão.
Os componentes curriculares estão divididos em três grupos: grupo I (conhecimentos científicos, educacionais e pedagógicos), grupo II (conhecimentos específicos) e grupo III (prática pedagógica). De acordo com a professora Letícia Caetano, a maioria das disciplinas dos semestres iniciais são compostas por um núcleo básico comum entre as demais licenciaturas, ou seja, fazem parte do grupo I.
Nesse caso, estão as disciplinas de Princípios da Matemática, Princípios de Ciências Naturais, Cálculo I, Química Geral, Interculturalidade: Relações Étnico-raciais no Ensino de Ciências, entre outras.
No grupo II, nas disciplinas específicas, estão Química Inorgânica, Físico-Química, Química Analítica, Estrutura e Propriedade de Compostos Orgânicos, Bioquímica Geral, além de Libras, Tecnologias Aplicadas ao Ensino de Ciências e Educação Sexual, Saúde e Cultura, entre outras.
No grupo III, estão as disciplinas de estágio supervisionado e aquelas que possuem, como componente curricular, carga horária de prática. Essas disciplinas são diferentes dos estágios supervisionados, pois ocorrem dentro do próprio curso e não dependem da observação direta nas escolas.
Elas estão espalhadas por todos os semestres e foram instituídas no currículo das licenciaturas, com o objetivo de conhecer e analisar situações pedagógicas. No curso de Química da UFCA fazem parte desse grupo as disciplinas de Filosofia e História das Ciências, Educação Sexual, Educação para a Sustentabilidade, Pesquisa em Ensino de Ciências, entre outras.
Com as novas diretrizes do Ministério da Educação (MEC), agora também é obrigatório cumprir atividades de extensão durante as graduações, que devem corresponder a 10% da carga horária total do curso (no caso da Química, 336h).
Atividades de extensão universitária são ações da Universidade, junto ao público externo, que possibilitam a aplicação dos conhecimentos construídos em sala de aula em situações reais da sociedade. Dessa forma, o/a estudante pode contextualizar os conhecimentos, enriquecendo o processo de ensino-aprendizagem e contribuindo com o território em que está inserido/a.
Projetos
Além das atividades em sala de aula, ao longo da graduação em Química, as/os estudantes têm a oportunidade de desenvolver ações em projetos de cultura, pesquisa, extensão e ensino, coordenados por docentes. Essa participação pode ser como bolsista (recebendo uma ajuda de custo por mês para desenvolver as atividades) ou como voluntário/a.
Atualmente, conforme a professora Letícia Caetano, estão em andamento os seguintes projetos de cultura: “Saberes Indígenas sobre a Matéria e suas Transformações”; e “Equilíbrio”. De extensão, há um projeto sendo desenvolvido, o “FeNat: explorando a natureza da química através dos fenômenos naturais”.
No curso, há cinco projetos de pesquisa atualmente: “Saberes Indígenas e Ciência Ocidental Moderna: perspectivas (inter)culturais para o ensino de química”; “Sistemas Fotoeletroquímicos Aplicados no Estudo de Problemáticas Ambientais”; “Programa de Monitoramento e Estudo de Material Particulado Inalável (MP10) no Cariri Cearense”; “Um Rio Tinha Contado”: articulações entre ciências, literatura e conhecimentos locais; e Síntese e Caracterização de Materiais Geopoliméricos.
Letícia Caetano explica que a participação dos/as discentes nesses projetos oferece uma formação tão importante quanto a curricular, ministrada em sala de aula.
“Nesses projetos os discentes podem ter uma visão mais ampla das possibilidades de sua atuação, perceber um contexto para além daqueles que os livros didáticos se limitam e perceber o quanto seu papel é fundamental também para o desenvolvimento da pesquisa, para a formação de cidadãos críticos, socioambientalmente conscientes e agentes de transformações, tanto local quanto globalmente”, ressaltou a professora.
A docente acrescenta ainda que, com a participação nos projetos, os/as estudantes aprendem a pesquisar e a contribuir com a comunidade externa, permitindo, assim, a formação de um/a docente mais completo e mais empático com os/as discentes e com a comunidade externa.
Contribuições dos projetos
Professor do IFE/UFCA desde 2016, Marcus Venício da Silva Fernandes é o coordenador do projeto de pesquisa “Síntese e Caracterização de Materiais Geopoliméricos”, que investiga materiais poliméricos de origem mineral, como, por exemplo, as argilas.
“Os geopolímeros apresentam propriedades de cimento e, portanto, um grande potencial de uso alternativo sustentável na indústria da construção civil. Esses materiais podem ser sintetizados com reduzidos impactos ambientais”, explicou o professor.
Esses materiais são relativamente novos no Brasil e muitas pesquisas estão sendo desenvolvidas sobre o uso dos geopolímeros, entre elas, a do professor Marcus Venício. De acordo com o docente, a importância desse tipo de material está em suas características de baixo consumo de energia, baixo custo de produção, baixa emissão de CO2, além de alta resistência e durabilidade e das grandes aplicações que ele possui.
“Essas propriedades fazem esse material geopolimérico encontrar grandes aplicações em muitos campos da indústria, que além da construção civil, possui aplicação na indústria automotiva, aeroespacial, não-ferrosos, fundição metalúrgica, plásticos, gestão de resíduos, arte e decoração”, explicou o professor.
Participação dos/as estudantes
O envolvimento dos/as estudantes ao longo do curso – seja nos projetos ou nas atividades regulares – é uma oportunidade transformadora de se especializar na área e ampliar a formação humana. O estudante Rívio Fabricio de Figueiredo Furtado, que está no oitavo semestre do curso, buscou a licenciatura em Química em virtude da possibilidade de abrir novos caminhos profissionais.
“As seleções que até então eu havia participado sempre direcionavam vagas para a licenciatura em Química, porque a nossa região aqui do Cariri ainda é muito carente de profissionais formados na área”, explicou o estudante, que também é formado em LI e licenciado em Biologia e atualmente atua como professor temporário de Biologia em uma escola no município de Mauriti.
Durante a trajetória no curso de Química, participou do projeto Residência Pedagógica, que fortaleceu o desejo de continuar seguindo a carreira de professor. “Dentro da escola, tinha um representante que nós chamamos de preceptor. E lá a gente traçava estratégias, planejava os momentos para que nós pudéssemos entrar em sala de aula e contribuir com o material didático ou com os nossos conhecimentos na área”, explicou.
Ele também teve a oportunidade de desenvolver um trabalho de análise da presença do dióxido de nitrogênio em uma escola, junto à professora Letícia Caetano. “Me despertou bastante a curiosidade, me despertou a necessidade de buscar desenvolver estratégias diferenciadas para que pudesse desenvolver na escola”, ressaltou Rívio.
A egressa Maria Suzana de Oliveira Nascimento considera que a participação em projetos durante toda a graduação, os estágios e as aulas pedagógicas e de ensino de Química foram fundamentais na construção da atuação profissional dela. Hoje Suzana Nascimento é professora de Química de uma escola estadual, também no município de Mauriti.
Quando estudante, ela transitou em projetos ligados aos quatro pilares da UFCA: ensino, pesquisa, extensão e cultura. No ensino, ela foi bolsista do Programa de Aprendizagem Cooperativa em Células Estudantis (Pacce). Na pesquisa, Suzana participou do projeto “Determinação de Dióxido de Nitrogênio e Ozônio na região do Crajubar e Brejo Santo”.
Na extensão, atuou nos projetos “Embalagens e Rótulos: a Química no Cotidiano” e “Como está o ar e água da minha cidade?” Foi ainda bolsista de cultura do projeto “Cariri em Cena: Divulgação das Ciências através do Teatro Científico”.
Ela também ressaltou a importância das atividades de estágio para a futura atuação profissional. “Todas as atividades de ensino que me permitiam o contato com o espaço escolar serviram como inspiração, pois vivenciava na prática a vida de uma licenciada em Química”, destacou.
Egressa
Suzana Nascimento, na verdade, desejava cursar Física. Porém, a vontade mudou após a primeira aula de Química dela na Universidade, quando ainda fazia a Licenciatura Interdisciplinar.
“O tema da aula era “O que é Química? O que faz um profissional em Química?” Neste dia, passei a compreender a importância dessa área para os avanços científicos, a entender a Química presente no meu dia a dia e quão importante são os profissionais dessa área. Digamos que uma aula foi pouco para mim, eu queria mais, conhecer mais, saber mais, estudar mais”, ressaltou.
Depois de muitos desafios enfrentados, incluindo as dificuldades financeiras que foram supridas, em parte, pelos auxílios estudantis disponibilizados pela UFCA, ela conseguiu concluir a Licenciatura Interdisciplinar em 2019 e a segunda graduação em Química, em 2022.
Atualmente, trabalhando como professora na área, ela destaca o sentimento de alegria e gratidão à formação que teve na Universidade.
“Sou grata a tudo que o curso me proporcionou, grata aos meus professores e agora colegas de trabalho, grata ao IFE e à UFCA. Sempre falo da graduação com meus alunos, falo das minhas vivências, incentivo eles a prosseguir com os estudos, e falo do meu curso. Para os que acreditam na educação transformadora, aos amantes das ciências e os interessados na Licenciatura em Química, fica a dica”, disse.
Mercado de trabalho
Quem é licenciado/a em Química pela UFCA tem uma formação sólida e abrangente em conteúdos dos diversos campos da área e, principalmente, uma preparação adequada para aplicar pedagogicamente os conhecimentos e as experiências de Química e de áreas afins na educação fundamental e média.
Também, conforme o professor Marcus Venício, a formação em Química pela UFCA proporciona engajamento social. Dessa forma, quem conclui o curso de Química será capaz de refletir sobre o seu exercício profissional e tomar consciência da sua cidadania, atuando no desenvolvimento dos processos educacionais e estruturais, nas escolas e na sociedade.
Os/as egressos/as poderão trabalhar na rede básica de ensino (pública ou privada), do quinto ao nono ano do fundamental, e no ensino médio. Também poderão ingressar em diversos programas nacionais de pós-graduação, tornando-se pesquisadores/as e/ou docentes de ensino superior.
Atualmente, conforme a professora Letícia Caetano, os/as egressos/as do curso são, em sua maioria, captados/as pela rede de ensino municipal e estadual do Ceará, principalmente nos municípios de Brejo Santo, Milagres, Mauriti, Abaiara e Porteiras.
Alguns já cursaram especialização e outros estão em processo de finalização de cursos de mestrado. Além disso, a professora ressalta que a licenciatura em Química conta, pelo terceiro ano consecutivo, com a atuação de docentes substitutos que são egressos/as do curso. “O que é visto com muito orgulho pelo nosso curso e unidade acadêmica”, destacou.
Nota 4
O curso de Química, mesmo com poucos anos de implantação, conseguiu nota 4, de um máximo de 5, na última avaliação do Ministério da Educação (MEC), em 2018. Na visita da equipe do MEC, foram avaliados três grandes campos de atuação do curso: organização didático-pedagógica, corpo docente e infraestrutura. No momento, não há previsão de uma nova avaliação.
Conforme Letícia Caetano, para os próximos anos, a licenciatura em Química deve passar por adequações da infraestrutura e contratação de novos/as docentes. Depois disso, poderá ampliar o número de vagas e disponibilizar o curso exclusivamente no período noturno.
Existe também o projeto de possibilitar formação continuada para os/as licenciados/as. Atualmente o IFE/UFCA está em contato com a Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Bauru, para possível implantação de um mestrado e doutorado interinstitucional em Ensino de Ciências e Matemática.
*No momento de escrita deste material, junho de 2023, professora Letícia Caetano era coordenadora interina do curso de Licenciatura em Química da UFCA, pelo fato de que a titular, professora Tatiana Santos, estava de licença-maternidade. Como Letícia ocupava a vice-coordenadoria do curso, a docente assumiu a coordenação temporariamente.
Serviço
Curso de Química
quimica.ife@ufca.edu.br