Conheça os cursos de graduação da UFCA: Medicina Veterinária
Publicado em 01/12/2022. Atualizado em 01/12/2022 às 18h34
Vagas: 50 vagas anuais
Semestres: 10
Modalidade: bacharelado
Campus: Crato
Período: integral
Uma carreira dedicada a fornecer assistência clínica e cirúrgica a animais domésticos e selvagens. A cuidar de toda a saúde de animais pequenos, médios e de grande porte. A atuar na inspeção de produtos de origem animal e no combate a zoonoses, doenças infecciosas transmitidas entre animais e seres humanos. Quem se forma em Medicina Veterinária está apto/a a trabalhar no cuidado com a saúde dos animais e na mediação da relação com os seres humanos.
Anualmente, diversos cursos de graduação (sejam públicos ou privados, em universidades e faculdades brasileiras) formam pessoas que pretendem se dedicar a essa carreira profissional. Na Universidade Federal do Cariri (UFCA), o curso é ofertado desde 2020 no campus Crato. A graduação integra o Centro de Ciências Agrárias e da Biodiversidade (CCAB), com o curso de Agronomia.
Na modalidade bacharelado, Medicina Veterinária na UFCA oferece 50 vagas, com entrada anual pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) ou pela abertura semestral de vagas remanescentes para transferidos e graduados. A admissão, nos dois casos, utiliza como parâmetro de classificação a pontuação atingida pelos candidatos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Criação do curso
A primeira proposta para criação do curso de Medicina Veterinária foi apresentada ainda em 2011 à reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC), na época em que a UFCA ainda era parte da UFC. Em 2014, já como UFCA, foram realizadas reuniões internas no CCAB que discutiram a necessidade de mais cursos no campus Crato, pois havia apenas o de Agronomia.
Depois disso, a coordenação do curso de Agronomia encaminhou uma proposta de graduação em Medicina Veterinária para aprovação da Universidade. Dessa forma, o curso foi instituído na UFCA pela Resolução nº 35/Consup, de 26 de outubro de 2015. A autorização do Ministério da Educação (MEC) saiu em 2019. Nesse mesmo ano, a instituição ofertou pela primeira vez Medicina Veterinária no Sisu. A primeira turma iniciou as atividades letivas em 2020.
O curso de Medicina Veterinária foi o primeiro a ser ofertado por uma instituição de ensino superior pública federal no Ceará. Para a coordenadora da graduação, professora Maria do Socorro Vieira dos Santos, a implantação do curso no Cariri foi fundamental para facilitar o acesso de toda a região à assistência médico veterinária, além de atender também, de forma mais rápida e eficiente, as demais cidades dos estados vizinhos (Pernambuco, Piauí e Paraíba).
Estrutura curricular
Com duração mínima de cinco (dez semestres) e máxima de oito anos (dezesseis semestres), o curso de Medicina Veterinária tem uma carga horária de 4.800 horas/aula. Nesse total, estão inseridos os conteúdos básicos (1.248 horas), os conteúdos profissionalizantes (2.176 horas), o estágio curricular supervisionado (480 horas) e as disciplinas optativas (256 horas).
Dentro das optativas, podem ser cursadas também 64 horas de Optativas-Livres. São disciplinas de caráter geral, fora do grupo específico de disciplinas de Medicina Veterinária. Assim, o/a discente pode escolher uma disciplina livre oferecida por outro curso da Universidade.
Além disso, o/a estudante deve realizar o trabalho de conclusão de curso (TCC), que abrange mais 32 horas, e as atividades acadêmicas complementares, com carga horária de 128 horas. De acordo com a coordenadora do curso, com as novas diretrizes do MEC, também é obrigatório cumprir atividades de extensão universitária, correspondendo a 10% da carga horária total do curso (420 horas). Atividades de extensão universitária são ações da Universidade junto ao público externo, que possibilita o compartilhamento do conhecimento adquirido no curso.
Um exemplo é o projeto de extensão “Guarda responsável: conhecer e sentir para o bem-estar dos animais garantir”, coordenado pela professora Priscila Teixeira. A iniciativa tem por objetivo fazer circular o conhecimento sobre bem-estar dos animais e guarda responsável, buscando despertar, nas crianças e jovens de escolas públicas, o senso de responsabilidade para com os bichos.
Disciplinas do curso
Na UFCA, as disciplinas de Medicina Veterinária estão divididas em unidades curriculares por áreas de conhecimento. Existem aquelas disciplinas que estão dentro das áreas das Ciências Biológicas e da Saúde, como Biologia Celular Geral, Microbiologia Básica, Genética Básica, Bioquímica Veterinária, Histologia Veterinária, entre outras.
Na formação do/a médico/a veterinário/a, também estão presentes disciplinas inseridas nas áreas das Ciências Humanas e Sociais, como Administração Rural; Iniciação à Medicina Veterinária, Deontologia e Bioética; Aspectos Sociais da Agropecuária; Estatística Aplicada à Ciência Animal, entre outras.
Existem, finalmente, as disciplinas das áreas das Ciências da Medicina Veterinária, que incluem os conteúdos teóricos e práticos relacionados com saúde-doença, produção animal e ambiente, com ênfase nas áreas de Saúde Animal, Clínica e Cirurgia Veterinárias, Medicina Veterinária Preventiva, Saúde Pública, Zootecnia, Produção Animal e Inspeção e Tecnologia de Produtos de Origem Animal.
Diferença entre Medicina Veterinária, Zootecnia e Agronomia
Por lidar com animais, o curso de Medicina Veterinária pode ter muitas semelhanças com as graduações em Zootecnia e Agronomia, ambas já existentes na região do Cariri no Instituto Federal do Ceará (campus Crato) e na própria UFCA (campus Crato), respectivamente. Entretanto, as três formações têm áreas de atuação diferentes.
Conforme explica a professora Priscila Teixeira, a Agronomia e a Zootecnia trabalham com animais na perspectiva da produção de alimentos. No caso da Zootecnia, o foco será na produção animal. Já na Agronomia, a atuação está mais voltada para o impacto na produção vegetal.
A Veterinária, segundo a professora, atua na parte clínica e cirúrgica dos animais, podendo também trabalhar com a produção de alimentos. “A Veterinária também pode trabalhar com isso, porque a gente tem disciplina de reprodução, de nutrição, mas fica mais à cargo da Zootecnia e da Agronomia”, explicou.
Projetos
Além das atividades em sala de aula, os/as estudantes de Veterinária da UFCA também podem participar de projetos de Extensão, Cultura, Pesquisa e Ensino ao longo do período de graduação. Nessas iniciativas, os/as discentes colocam em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula.
O projeto de extensão sobre guarda responsável, coordenado pela professora Priscila Teixeira, tem como objetivo despertar o senso de responsabilidade em crianças e adolescentes, fazendo com que sejam adultos mais conscientes do seu papel como cidadãos na proteção dos animais.
De acordo com a coordenadora do projeto, os/as estudantes envolvidos/as na iniciativa elaboram e participam de práticas educativas como rodas de conversa, palestras, jogos, gincanas e cine debate. Atualmente, os/as extensionistas têm atuado também no Centro de Controle de Zoonoses de Juazeiro de Norte, com ações educativas e sanitárias.
Outros dois projetos de extensão ligados ao curso são a Liga Acadêmica de Histologia e Patologia Animal e o Programa de Ovinocaprinocultura: o primeiro coordenado pela professora Maria Talita Soares Frade e o segundo, pela professora Maria do Socorro Vieira.
Há ainda o Grupo de Estudos em Animais Silvestres (Geas/UFCA), coordenado pelo professor Francisco Nascimento Pereira Júnior. Um dos principais focos do grupo, formalizado como um projeto de extensão, é a preservação da fauna silvestre, fundamental para o equilíbrio da biodiversidade e manutenção de um meio ambiente saudável.
Estudantes do Geas/UFCA em ação do Dia Nacional de Urubuzar – uma campanha de sensibilização sobre o atropelamento de fauna silvestre na Chapada do Araripe. Foto: Arquivo Pessoal
Nos projetos de Cultura, os estudantes também têm contato com a população da região do Cariri, por meio de atividades desenvolvidas. No projeto “Au e Miau: Dias Melhores Virão”, da professora Cláudia da Silva Magalhães, os/as discentes promovem a conscientização de crianças sobre os maus tratos a animais, por meio de encenação lúdica.
Os projetos de pesquisa atualmente desenvolvidos no curso têm relação com a reprodução animal e a vigilância epidemiológica. Há estudos sobre os fatores indutores de ovulação em carneiros criados no Cariri, o combate à leishimaniose por meio de plantas da Chapada do Araripe e sobre o coronavírus em pets da região.
Na área de ensino, o curso tem oferecido dois projetos de monitoria: “Monitoria de Estatística e Experimentação Veterinárias”, com o professor Jorge André Matias Martins, e “Monitoria de Ensino em Medicina Veterinária: conhecimento da formação e organização dos tecidos e sistemas: uma visão microscópica”, com a professora Maria Talita Soares Frade. Nesses projetos de monitoria, por meio do Programa de Iniciação à Docência (PID), os/as estudantes participam das atividades didáticas de alguma disciplina, auxiliando o/a professor/a no andamento das aulas.
Para a coordenadora do curso, professora Maria do Socorro, a participação dos estudantes de Medicina Veterinária nos projetos faz parte de um dos pilares da formação.
“Os/as alunos/as podem participar de ações globalizadas de extensão, o que os preparará para a inserção no mercado de trabalho, com habilidade crítica para contribuição com demandas da sociedade. Na pesquisa, os discentes terão contato com técnicas e procedimentos, manejos com animais, métodos estatísticos e capacidade argumentativa que os proverá as habilidades necessárias para a pesquisa científica no âmbito nacional e internacional”, exemplificou a docente.
Atuação dos estudantes
Estudante da primeira turma do curso de Medicina Veterinária da UFCA, Isabelle Rodrigues de Lima Cruz, atualmente no quinto semestre, tinha um sonho antigo pela graduação. Para ela, a possibilidade de trabalhar com algo que se gosta ameniza a angustiante tarefa de escolher uma profissão ainda tão jovem. E assim foi a Veterinária para Isabelle.
“Escolher uma profissão quando se é tão novo, é uma tarefa angustiante e pesarosa, mas escolher trabalhar todos os dias com animais, zelando por suas vidas e lhes proporcionando bem estar, surgiu como o caminho mais certo a seguir”, ressaltou.
Logo que entrou, no início de 2020, a estudante enfrentou dois desafios: estar em um curso com as atividades recém-iniciadas e a pandemia da covid-19. Isso fez com que Isabelle sentisse a necessidade de aperfeiçoar sua formação o máximo possível.
Assim, ainda recém-ingressa, envolveu-se em um projeto de extensão, a Liga de Parasitologia Médica, uma parceria entre o curso de Medicina e de Medicina Veterinária. Na iniciativa, Isabelle atuou em ações de conscientização acerca das principais doenças parasitárias de caráter zoonótico, ou seja, aquelas transmissíveis de animais para humanos.
Depois disso, ela passou a desenvolver atividades de pesquisa pelo projeto Estudo Soroepidemiológico da Infecção pelo Coronavírus Felino (FCOV) em Gatos Domiciliados na Região do Cariri, que tinha como objetivo fazer um levantamento quantitativo dos animais infectados por coronavírus.
Para Isabelle, a participação nesse grupo foi fundamental para o crescimento acadêmico e profissional. “Sou extremamente grata por essa experiência pois, além de ser um estudo extremamente atual e relevante, a pesquisa me abriu diversas portas e me desenvolveu muito quanto estudante e profissional”, comentou.
No momento, Isabelle segue construindo a trajetória acadêmica, com base nos quatro pilares da Universidade: Ensino, Extensão, Pesquisa e Cultura. Atualmente, é monitora das disciplinas de Histologia e Embriologia Geral e Histologia Veterinária. Também participa do projeto de cultura “Au e Miau: Dias Melhores Virão”.
Desafios da primeira turma e da pandemia da covid-19
Leonardo Sousa Pinheiro, que também é da primeira turma de Medicina Veterinária da UFCA, passou boa parte da infância convivendo no meio rural e em contato com os animais. “Quando eu decidi ser veterinário, acho que era algo que já existia em mim. Eu acho que é muito do que as pessoas carregam por ser de uma região em que há o desenvolvimento forte tanto da agricultura como da agropecuária”, ressaltou.
Para ele, entrar na primeira turma de um curso novo não foi algo fácil. Entretanto, os desafios se ampliaram por conta da situação mundial da pandemia da covid-19, no início de 2020, logo depois que Leonardo iniciou a graduação. “Era um curso novo e que já foi colocado dentro de uma realidade da pandemia e de aulas on-line. Algumas pessoas tiveram duas semanas de aulas presenciais, mas, como eu entrei pela lista de espera, eu só tive três dias e logo iniciei as aulas on-line. Não foi uma experiência fácil”, relembrou.
Além de toda adaptação ao contexto de um curso novo, sem que tivessem veteranos para auxiliar nesse processo, Leonardo contou que a turma precisou se adaptar rapidamente ao formato remoto. Mesmo com toda essa dificuldade, o curso se reinventou para que os estudantes pudessem cumprir todas as atividades necessárias da formação em Veterinária, mesmo que de forma on-line.
“A gente entrou e começou a pensar num centro acadêmico remotamente, a gente começou a desenvolver os projetos de forma remota. Foi algo surpreendente. A gente pensava que estava distante, mas começou a desenvolver os projetos de forma remota (…) A gente também aprendeu a estender laços com pessoas de outras regiões e isso trazemos até hoje”, explicou Leonardo, mesmo reconhecendo alguns limites do on-line na formação de Medicina Veterinária.
Uma das atividades que Leonardo faz parte e surgiu durante o período da pandemia foi o grupo de estudos de Animais Silvestres. “A gente fez tudo remoto. Só começamos a ter encontro presencial meses depois de ter sentado e de ter feito várias reuniões on-line”, disse.
Além disso, o discente também se envolveu nas atividades do centro acadêmico, entidade estudantil que representa os interesses dos estudantes de um determinado curso de graduação. Atualmente ele está como diretor de eventos do CA de Medicina Veterinária.
Mesmo enfrentando todas as dificuldades de iniciar em um curso novo, em um contexto atípico, Leonardo recomenda o curso de Medicina Veterinária da UFCA para novos estudantes. “É uma experiência muito enriquecedora, porque a gente tem pouco mais de dois anos de curso e já conta com vários projetos de extensão, projetos de pesquisa, a gente já trabalha muito com a comunidade. Trabalhar muito perto da comunidade, trabalhar com pesquisa, extensão, é uma visão que me deixa muito orgulhoso de estar dentro do curso de Medicina Veterinária da UFCA”, destacou o estudante.
Egressos
Como o curso iniciou em 2020, ainda não há turmas formadas. Os primeiros egressos de Medicina Veterinária da UFCA devem começar a chegar ao mercado de trabalho entre 2024 e 2025.
Os/as médicos/as veterinários/as podem atuar em funções assistencial ou administrativa; em pesquisa, extensão e educação, com ações de promoção e proteção à saúde; em pronto atendimento; em limitação da invalidez, cura e reabilitação. Também têm a possibilidade de desempenhar funções relacionadas à inspeção de produtos de origem animal e perícia criminal.
Quando concluir o curso, Isabelle Rodrigues tem dois interesses principais: a docência e a clínica médica de pequenos animais (cães e gatos). Entre outros sonhos, ela também deseja exercer a Medicina Veterinária em outros países. “Mas, para além dos sonhos, tenho como plano principal continuar estudando a minha profissão; para isso, a residência médica, bem como cursos de especialização, são uma opção”, disse.
Já Leonardo pretende seguir pesquisando os animais silvestres. Para isso, ele pretende fazer mestrado e doutorado, depois que concluir a graduação. “Eu gostaria de pesquisar sobre as zoonoses que afetam animais silvestres. É uma coisa bem atual, se a gente for pensar na covid-19”, explicou. Além da pesquisa, Leonardo pretende também ingressar na docência. “No contexto de Brasil, para desenvolver pesquisa, precisa estar dentro da universidade. E a docência é uma área que me chama muita atenção”, ressaltou.
Mercado de trabalho
Os/as médicos/as veterinários/as, atualmente, podem trabalhar em 20 especialidades. São elas: acupuntura; anestesiologia; cardiologia; cirurgia; medicina felina; clínica médica de pequenos animais; dermatologia; diagnóstico por imagem; homeopatia; inspeção higiênica, sanitária e tecnológica de produtos animais; medicina veterinária intensiva; medicina veterinária legal; oftalmologia; oncologia; patologia; endocrinologia; medicina de animais selvagens; medicina veterinária do coletivo; nefrologia e urologia; nutrição e nutrologia.
Conforme a coordenadora do curso da UFCA, Maria do Socorro, para usar o título de especialista, não basta ter feito um curso de pós-graduação, mestrado ou doutorado. Quem pretende obter o título deve se submeter às provas elaboradas pelas respectivas entidades e apresentar sua requisição de título, que, caso concedido, terá validade de cinco anos.
“A titulação de especialista em Medicina Veterinária é diferente da maioria das demais profissões. É conferida pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), por intermédio de entidades que cumprem os requisitos em resolução que normatiza o registro de títulos de especialista em áreas da Medicina Veterinária e Zootecnia”, explicou.
Atuação em pesquisa e pós-graduação
Os/as egressos/as do curso também podem escolher aprofundar os conhecimentos em área específica da Medicina Veterinária, por meio do ingresso em programas de pós-graduação lato sensu, como a Residência em Medicina Veterinária ou especialização, para aprimoramento profissional. Nesse caso, conforme a coordenadora do curso da UFCA, o profissional agrega conhecimento, prática e experiência.
O/a médico/a veterinário/a pode optar também pelo ensino e pesquisa, por meio do ingresso em programas de pós-graduação stricto sensu, como mestrado e doutorado. Dessa forma, tem a possibilidade de fazer carreira docente ou de pesquisador.
Serviço
Curso de Medicina Veterinária
med_veterinaria.ccab@ufca.edu.br