Dia Internacional das Mulheres: integrantes da UFCA falam da experiência de ser mulher e de expectativas neste 8 de março

Publicado em 08/03/2024. Atualizado em 07/03/2024 às 17h35

O Dia Internacional das Mulheres, celebrado em 8 de março, traz reflexões que, apesar de longevas, ainda permanecem atuais, como a possibilidade de ocupação de espaços tidos como essencialmente masculinos, a autonomia da mulher sobre o próprio corpo e a experiência da maternidade no contexto contemporâneo.

Na Universidade Federal do Cariri (UFCA), a Diretoria de Comunicação (Dcom/UFCA) perguntou a mulheres da comunidade acadêmica sobre como é a experiência de ser mulher a partir de determinados espaços que elas ocupam na instituição. As respostas seguem abaixo:

Iracema Pinho. Mulher, cientista e professora no Instituto de Formação de Educadores (IFE/UFCA)

Professora Iracema Pinho (IFE/UFCA)

Como é ser mulher e professora?

Ser mulher é ser diferente. Seja pelos hormônios, seja pela educação que recebemos, pelas escolhas que fazemos – e no exercício do nosso trabalho docente também.

O que você espera neste 8M?

As reflexões que gostaria que se concretizassem se fazem em torno do respeito ao direito simples de ser mulher em todas as nossas fases e facetas humanas.

Ana Tays do Nascimento. Mulher e estudante na UFCA

Ana Tays é estudante de Jornalismo na UFCA

Como é ser mulher e estudante?

Como mulher, negra e estudante de jornalismo, minha experiência acadêmica vai além da sala de aula, envolvendo a busca por apoio e sororidade entre as mulheres. A rotina de ser estudante e mulher revela as disparidades no mercado de trabalho, destacando a necessidade de enfrentar essas questões e buscar oportunidades de empoderamento.

O que você espera neste 8M?

Ao pensar sobre o 8M, gostaria de ver a concretização da igualdade salarial e as oportunidades de emprego sendo priorizadas, especialmente em áreas como o jornalismo, onde, apesar do crescimento, ainda persiste a visão de ser predominantemente masculina. Como profissional e estudante nesta área, anseio por um ambiente onde mulheres sejam valorizadas igualmente e tenham acesso equitativo a oportunidades de carreira, contribuindo assim para uma representação mais diversificada e inclusiva na mídia.

Alessandra Silva. Mulher, cientista e professora no Centro de Ciências Agrárias e da Biodiversidade (CCAB/UFCA)

Professora Alessandra Silva (CCAB/UFCA)

Como é ser mulher e cientista?

Ser mulher cientista agrária é desafiador. O meio agropecuário tende a reforçar os padrões sociais de superioridade masculina, sendo exaustivo para as mulheres (cis e trans) a necessidade de provar, diuturnamente, a sua competência.

O que você espera neste 8M?

As mulheres estão ocupando, cada vez mais, os espaços acadêmicos, sociais e políticos, trazendo para eles a discussão de gênero e a expectativa de que a sociedade se sensibilize para a compreensão da importância da equidade entre os gêneros e dos avanços que os meios científico e acadêmico podem alcançar.

Maria do Socorro Vieira. Mulher, cientista e vice-diretora da Famed/UFCA

Professora Maria do Socorro Vieira (Famed/UFCA e CCAB/UFCA)

Como é ser mulher e cientista?

Falar em mudança no contexto feminino é bastante complexo, haja vista os diferentes desafios que a mulher enfrenta no cotidiano. De forma direta e indireta, nós precisamos validar nossos espaços, conquistas e direitos diariamente, reafirmando a cada atitude a plenitude de ser mulher, deixando a nossa marca em cada caminho que traçamos sem esquecer a sutileza, a delicadeza, o acolhimento e o cuidado com o outro.

Rosilene Moreira. Mulher, cientista, mãe e professora na Famed/UFCA

Professora Rosilene Moreira (Famed/UFCA)

Como é ser mulher e mãe?

Acredito que ser mulher e mãe nos transforma por dentro e por fora, de maneira compulsória e definitiva. Não dá para disfarçar ou sequer fingir que são aspectos distintos, que podem ser manejados de forma separada, pois tudo acontece em uma avalanche simultânea. Sendo assim, “ser mulher-mãe” é estar cuidando de si para poder melhor cuidar dos filhos; é doar-se integralmente ao outro, visando atingir o status de “missão cumprida” na educação dos seus. Sinto muita satisfação em ser mulher-mãe, pois assim consigo trazer para os diálogos do lar os desafios de gênero que perpassam as relações sociais, profissionais e pessoais enfrentados pelas mulheres-mães no seu dia-a-dia.

O que você espera neste 8M?

E nesse diálogo com os filhos, vamos plantando sementinhas de reflexões na esperança de um dia se transformarem em atitudes respeitosas e solidárias na convivência com as mulheres, sejam elas, mães, irmãs, amigas, esposas, colegas de trabalho ou pessoas com quem cruzam na rua.

Mariza Mariana. Mulher, estudante e atleta de handebol na UFCA

Mariza é estudante de Engenharia Civil da UFCA.

Como é ser mulher e atleta?

Ser mulher é algo incrível, pois temos o poder de ser fortes e sensíveis, delicadas e brutas, tudo ao mesmo tempo. Ser mulher é poder justamente fazer algo que ninguém acredita que podemos. Mesmo com todos os preconceitos e dificuldades, não conseguimos desistir de algo tão fácil.

O que você espera neste 8M?

No esporte, o nosso posicionamento não é diferente, pois, mesmo com a falta de incentivo e investimento, temos buscado no esporte um lugar de lazer e trabalho. Que os esportes para mulheres sejam mais incentivados, porque, no geral, temos ainda o peso de haver um incentivo maior para os homens – mas acredito que isso está e vai continuar mudando.

Lidiane Coelho. Mulher, surda, cientista e professora no IFE/UFCA

Professora Lidiane Coelho (IFE/UFCA)

Como é ser mulher e surda?

A primeira coisa que vem é a mulher, todo mundo sabe que sou mulher, porque essa imagem mostra tudo claramente. Você sabe quem sou eu, pode chamar-me pelo meu nome, Lidiane. Sou surda também. Sei que pensam que não pareço ser surda, porque é invisível, mas não é necessário avisar sobre minha surdez ou rotular as pessoas. Estão acostumadas a pensar: ‘Ah, é a mulher branca’, ‘*Ah, não sabia que ela é surda’, mas não parece ser surda porque é bonita. Todo mundo quer ser quem é. Existem diversas mulheres surdas como eu.
A mulher surda não é diferente das outras mulheres, sejam elas negras, indígenas, etc., como vocês. Não vejo a surdez como um problema, sou surda, apenas peço respeito.

O que você espera neste 8M?

Acredito que as pessoas precisam de empatia, principalmente no que diz respeito ao respeito pela diversidade. Não existe uma identidade, uma cultura ou uma mulher que sejam todas iguais. Muitos imaginam que as mulheres conseguem fazer mais do que os outros. Precisamos de mais oportunidades e precisam nos ouvir também. Porque sentimos tudo, apenas peço por mais empatia, respeito e amor.

Ledjane Sobrinho. Mulher, mãe, professora e vice-reitora da UFCA

Professora Ledjane Sobrinho (CCT/UFCA).

Como é ser mulher e vice-reitora da UFCA?

É desafiador e ao mesmo tempo gratificante! Tem os desafios pessoais, inerentes ao cotidiano da mulher, ciclos hormonais, os anseios e o alinhar de rotina do ser mãe e do ser gestora. Mas, paralelo a tudo isso, há o conforto de saber e sentir que a comunidade acadêmica acolheu uma mulher na reitoria. Isso é muito gratificante!

O que você espera neste 8M?

Gostaria que as falas e lutas por igualdade e respeito, se concretizassem realmente em ações, no tratar e no olhar mais humano para as mulheres.

Serviço

Diretoria de Comunicação
dcom@ufca.edu.br