Em tempos de coronavírus, é preciso atenção também à dengue e à H1N1

Publicado em 14/04/2020. Atualizado em 08/11/2022 às 16h58

Também é preciso ter cuidado com a dengue nesta época do ano. Foto: Divulgação Fiocruz

Os meses mais chuvosos no Cariri, durante o primeiro semestre de cada ano, trazem também problemas de saúde que atingem a população. Por isso, em tempos de pandemia do coronavírus, os cuidados não devem ser restringir à nova doença. De acordo com os profissionais de saúde, é necessário prevenir outras enfermidades que se tornam mais comuns nesta época do ano e, além de debilitar o sistema imunológico da população, contribuem com a superlotação e a sobrecarga dos sistemas de saúde da região.

Entre a preocupação dos médicos neste período, estão as chamadas arboviroses (dengue, zika, chikungunya) e as síndromes gripais causadas pelo vírus influenza. Uma delas é a H1N1, cujo surto mundial ocorreu em 2009, sendo declarada, na época, como pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Existe o risco de essas doenças evoluírem para casos mais graves, com necessidade de internação e possibilidade de óbito. 

Para a médica Viviane Chaves Pereira, professora do curso de Medicina da UFCA e integrante do o Comitê Interno de Enfrentamento da Covid-19 (Cieco-19) da Universidade, no caso do vírus influenza, existe a possibilidade de evolução para um quadro de insuficiência respiratória. Já a dengue pode evoluir para um quadro hemorrágico. Conforme explica a professora Sandra Barreto Fernandes da Silva, da Faculdade de Medicina (Famed/UFCA), tutora do Programa Mais Médicos nas regiões do Cariri e do Centro-Sul do Ceará, na H1N1, o quadro pode evoluir nos grupos de risco. Na dengue, a forma grave atinge qualquer grupo.

Influenza

O grupo de risco da influenza, segundo as médicas, já é bem definido. Os casos da doença podem complicar em grávidas com qualquer idade gestacional; puérperas até duas semanas após o parto; adultos com 60 anos ou mais; crianças menores de cinco anos; população indígena aldeada ou com dificuldade de acesso; indivíduos menores de 19 anos em uso prolongado de ácido acetilsalicílico; pessoas que apresentem doenças crônicas do pulmão, coração, rim ou fígado; portadores de doenças do sangue; diabéticos; obesos (IMC ≥ 40 em adultos); indivíduos com doenças neurológicas que podem afetar a capacidade respiratória; pessoas imunossuprimidas, seja por medicamentos ou por outras condições, tais como câncer ou HIV/AIDS.

Os sintomas podem variar entre febre, dor de cabeça, cansaço, dor de garganta, tosse, dores no corpo e falta de ar.

De acordo com o boletim mais recente emitido pela Secretaria Estadual da Saúde (24 de março de 2020), a circulação endêmica do vírus em 2020 está acima do esperado nesta época do ano. Os dados monitorados são especialmente aqueles casos que evoluem com quadros respiratórios graves, chamados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Até a data da publicação, foram registrados 246 casos de SRAG, com 10 óbitos. 

Para prevenir a influenza, a orientação é evitar o contato com pessoas que estejam com sintomas respiratórios e lançar mão de hábitos de higiene pessoal, especialmente a lavagem frequente das mãos. A professora Sandra Barreto indica, além da boa higiene das mãos e dos alimentos, uma alimentação balanceada em frutas, verduras, proteínas, boa higiene do sono e atividade física. Os pacientes que integram grupos de risco e que apresentam sintomas, ainda que pratiquem os métodos preventivos, precisam buscar os serviços de saúde para fazer exames e iniciar tratamento adequado. Para os demais, o sistema de saúde só deve ser buscado sem caso de falta de ar e febre persistente.

Vacinação

Uma das formas do grupo de risco prevenir a incidência da influenza é participando da campanha de vacinação. Por causa da pandemia do novo coronavírus, o Ministério da Saúde antecipou a campanha contra influenza (H1N1, H3N2 e influenza B) para março deste ano. A primeira etapa da vacinação está ocorrendo em idosos e em profissionais de saúde.

A segunda fase da campanha inicia nesta quinta-feira, 16 de abril, para doentes crônicos, professores, profissionais das forças de segurança e salvamento. De 9 a 23 de maio, serão vacinadas as crianças de seis meses a menores de seis anos, pessoas com mais de 55 anos, gestantes, mães no pós-parto (até 45 dias após o parto), população indígena, funcionários do sistema prisional, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas e população privada de liberdade.

Antes de se vacinar, é importante buscar orientações sobre a disponibilidade da imunização. Algumas cidades estão oferecendo serviço drive-thru, em que a pessoa é vacinada dentro do próprio carro, evitando aglomerações nos postos de saúde. 

Dengue

Conforme a professora Sandra Barreto, tutora do Mais Médicos no Cariri e Centro-Sul cearenses, na dengue é importante fazer uma estratificação de risco em quatro níveis: A, B, C e D. Nos dois primeiros, estão a maioria dos casos, sendo tratados na atenção primária (atendimento preventivo, em postos de saúde, por exemplo), com ênfase na hidratação oral e monitoramento para surgimento de sinais de alerta. Os demais estratos, C e D, com prevalência de 25% e 5%, necessitam de abordagem hospitalar. 

Acometidos de dengue podem apresentar sintomas como febre, dor de cabeça, cansaço, manchas vermelhas, dores no corpo e falta de ar. Os sinais de alarme, de acordo com a professora Viviane Chaves, são o surgimento de manchas vermelhas na pele, sangramentos (nariz, gengivas), vômitos persistentes e dor abdominal intensa e contínua. Nesses casos, é necessário buscar atendimento médico de imediato.  

No boletim de março de 2020, a Secretaria Estadual da Saúde divulgou a notificação de 5.738 casos de dengue no estado do Ceará. Desses, foram confirmados 816. Os municípios que se destacaram na incidência da doença nessas primeiras semanas do ano foram Catarina, Milagres e Pacoti. Ainda não foram registrados óbitos em 2020 (até a data de divulgação dos dados).  

Para prevenir a dengue e as demais arboviroses, é necessário eliminar os criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor das doenças, evitando água parada, além de lixo nas ruas e em terrenos baldios.  

Covid x H1N1 x dengue

Alguns dos sintomas estão presente nas três doenças, como febre, dor de cabeça e dores no corpo. Para diferenciar cada uma delas, veja o quadro abaixo, com informações do Ministério da Saúde: 

Fonte: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com informações do Ministério da Saúde

Dúvidas

Se as dúvidas persistirem, é possível entrar em contato com o Telesaúde 24h, disponibilizado pelo Governo do Estado do Ceará, no 0800 275 1475 (Central de Atendimento 24h para orientações sobre coronavírus), ou com o Disque Saúde 136, do Ministério da Saúde. 

Serviço

Comitê Interno de Enfrentamento à Covid-19 (Cieco-19/UFCA)
cieco19@ufca.edu.br