Especial Dia das Mães: leia relatos de professoras e estudantes mães na UFCA

Publicado em 12/05/2019. Atualizado em 31/10/2022 às 17h07

Arte: Geórgia Mendes - Dcom/UFCA

Todos os anos, no Dia das Mães, pensamos na importância delas para nós, e cada um sabe a influência do amor materno na própria vida. Mas será que conhecemos as dificuldades enfrentadas pelas mães, não apenas as nossas, para conseguir cuidar dos seus filhos? A realidade das mães que estudam e/ou trabalham, por exemplo, está longe de ser fácil.

Como a maioria das mulheres, as mães enfrentam jornadas duplas e até mesmo triplas de trabalho, além de precisarem conviver com constantes julgamentos, seja sobre como se comportam ou sobre quais ensinamentos transmitem aos seus filhos. Neste Dia das Mães, a Universidade Federal do Cariri (UFCA) resolveu ouvi-las antes de devidamente parabenizá-las. Abaixo, seguem relatos de cinco mães na UFCA, duas professoras e três estudantes, que compartilharam conosco os aprendizados e os desafios de ser mãe em um ambiente acadêmico.

“A paciência, de uma maneira bem macro, foi o que prioritariamente a maternidade me ensinou. Paciência com o próximo, com o tempo do outro… Hoje, me coloco mais no lugar dos meus colegas de trabalho e dos meus alunos. A universidade sempre foi muito receptiva com a minha realidade materna e com a minha filha. Ela, vez ou outra, está aqui pelos corredores. Se eu não tiver com quem deixar, ela vem comigo e fica pintando enquanto eu trabalho, [ela] brinca com os cachorros. Meus alunos a conhecem e a cumprimentam. Outra questão é quanto aos meus horários de trabalho: meus superiores são muito abertos a dialogar e a negociar meus horários para que eu possa estar com minha filha, já que eu moro sozinha com ela e nossa família está toda em Fortaleza. Acho que nossos gestores, mesmo sendo a maioria homens, têm muita sensibilidade pra esse lado materno das servidoras”.

Ingrid Mazza, professora do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA/UFCA)


“Ser mãe me modificou completamente, mudou minha visão de mundo. Sempre fui considerada uma mulher muito forte, muito decidida, mas eu deixava muito de lado minha parte sensível – e ter me tornado mãe aflorou isso. Acredito que eu me tornei uma pessoa mais compreensiva, mais atenta às questões dos estudantes, menos dura. Uma coisa que eu me ressinto da academia em relação à minha condição de mãe é que nós somos cobradas por produtividade ou por formação, como se a gente não tivesse filhos. Eu escolhi ser mãe e escolhi me dedicar aos meus filhos. Eu poderia ser mãe e estar fazendo um doutorado, trabalhando três expedientes e deixando meus filhos com outras pessoas que pudessem me ajudar, mas eu não quero: meu desejo é participar ativamente do cotidiano deles”.

Juliana Lotif, professora do Instituto Interdisciplinar de Sociedade, Cultura e Artes (IIsca/UFCA)

“No meu primeiro dia de aula na UFCA, em 2017, meu filho tinha dez dias de nascido. Por mais que a maternidade tenha sido uma surpresa na minha vida, eu vi também como uma possibilidade de mostrar que eu seria capaz de ser uma boa mãe e de realizar os meus sonhos. Na minha cabeça, ficou assim: se eu desistir de fazer o curso que eu sempre sonhei fazer, o que eu estaria ensinando para o meu filho? Fazer faculdade não é só estar lá: tem trabalho pra fazer em casa, tem projeto de pesquisa…. Você tem que ter força de vontade. A universidade oferece o auxílio creche para mães/pais que têm filhos de zero até quatro anos e onze meses. Eu acho ótimo porque, se você passar na seleção, pode receber [o auxílio] até a criança completar cinco anos, caso você ainda esteja frequentando a universidade. Este ano, estou recebendo [o auxílio creche] e consegui uma bolsa. Se eu não tivesse conseguido, teria que trancar a universidade, porque eu não teria condições de trabalhar 8h por dia e, de noite, ainda ir para a faculdade. Que horas eu teria para o meu filho? ”

Rute Oliveira, estudante do curso de Jornalismo.

“Ser estudante e mãe não é fácil. Você tem que saber dividir muitas coisas, saber dividir seu tempo, e às vezes é bem complicado, principalmente pra quem tem filho pequeno. É muito difícil, mas tirando uma ou outra coisa, dá pra conciliar. Talvez a única característica que adquiri sendo mãe que pode ser aplicada no espaço acadêmico é a persistência de querer algo melhor para o meu filho e para mim. Tive de desistir de um semestre porque estava fazendo fisioterapia respiratória no meu filho e não conseguia chegar a tempo na universidade. Acabei me desmotivando e trancando o semestre inteiro. Consegui o auxílio creche só este ano, depois de dois anos que meu filho nasceu”.

Roberta Oliveira, estudante do curso de Jornalismo

“Muitas mulheres não esperam engravidar e se tornarem mães. No meu caso, por exemplo, não foi planejado. Para mim, está sendo muito difícil [conciliar a gravidez e os estudos], porque eu não posso estar todo dia na universidade. Minha gestação é de risco, eu tive complicações, estive internada. Isso dificulta o estar na universidade e a dedicação às atividades. Como estou grávida, não consigo trabalhar para ter uma renda e me manter aqui. Acredito que, quando minha bebê nascer, vai ficar ainda mais dificultoso, porque – depois do regime especial [de estudos] e de resguardo – eu vou voltar para universidade, mas não terei com quem deixá-la. Ainda não sei como vai ser no período em que eu estiver praticando de fato a maternidade, essa questão de estar com ela na universidade. Eu espero conseguir conciliar as coisas e espero muito que a universidade me ajude a não desistir do curso por causa da maternidade”.

Luana Laís, ainda grávida, estudante do curso de Música