Pesquisadores da UFCA publicam artigos sobre Astronomia em periódicos científicos. Um dos trabalhos foi aceito em revista internacional com Qualis A3

Publicado em 16/10/2024. Atualizado em 16/10/2024 às 15h04

Imagem do sol registrado por meio de telescópio no campus Brejo Santo da UFCA. Foto: Gabriel Souza - Dcom/UFCA

Um grupo de discentes do Instituto de Formação de Educadores da Universidade Federal do Cariri (IFE/UFCA) publicou três artigos científicos que destacam estudos relacionados à Astronomia. As pesquisas, publicadas entre setembro e outubro de 2024, foram orientadas pelo professor Tharcísyo Duarte e aceitas em duas revistas: uma nacional e outra internacional.

A mais recente das pesquisas, intitulada “Investigating Solar Cycles Using Mathematical Morphology”, foi aceita para publicação na Solar Physics, periódico ligado à Springer Nature e com classificação Qualis A3 no Brasil. Os outros dois artigos estão disponíveis na revista Cadernos de Astronomia – vinculada à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

O estudo aceito pela Solar Physics discorre sobre a utilização de um novo algoritmo, chamado PyMOST, que usa a técnica de morfologia matemática para registrar e catalogar os ciclos de atividades magnéticas do sol. Os ciclos solares são períodos de flutuações na estabilidade da superfície do sol e duram em torno de 11 anos cada.

Conforme Dário Granjeiro, autor principal do trabalho, a intenção da pesquisa era apresentar uma ferramenta computadorizada para monitorar e analisar a atividade magnética do sol por meio de manchas solares e seu processo de validação: “A análise de quantidades, como números de manchas, áreas e sua distribuição espacial no disco solar, suas evoluções ao longo do tempo e como essas elas se relacionam entre si, permitem criar modelos de previsão da atividade solar futura, bem como o entendimento mais detalhado do dinamismo solar”, relatou.

Dário explica que as motivações para o estudo surgiram de sua participação em uma bolsa de iniciação científica ofertada pela UFCA. Para o estudante, fazer parte dessa iniciativa permitiu tomar conhecimento sobre o dinamismo da atividade magnética do sol e sua importância para a compreensão de como essa dinâmica afeta o clima espacial e, consequentemente, a vida dos seres humanos. 

Como resultado, a pesquisa obteve uma análise dos últimos dois ciclos de atividade das manchas solares, bem como do atual ciclo solar em andamento (23, 24 e 25, respectivamente). Em seguida, o resultado foi comparado aos dados dos observatórios Real de Greenwich (RGO) e Solar de Kodaikanal (KSO). Dário acrescentou que tal comparação trouxe “uma excelente correlação para todas as quantidades [de imagens] analisadas, evidenciando que a ferramenta está calibrada e pronta para potencial uso da comunidade científica”.

Além de Dário e do professor Tharcísyo, o artigo contou com a colaboração de outro pesquisador da UFCA, o professor Gilson de Oliveira. Também integram a lista de autores Jefferson Costa e Hugo Coelho, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Vale destacar, contudo, que a pesquisa foi aceita para publicação, mas ainda não está publicada oficialmente. Como afirmou Dário, o texto disponível é uma “pré-impressão” e serve para comprovar, perante a comunidade científica, os resultados encontrados até o momento. O texto da pesquisa está em fase final de revisão e ainda não há data para a publicação oficial na Solar Physics.

Redes sociais digitais como ferramenta de divulgação científica

Um segundo trabalho, também publicado por discentes do IFE/UFCA, explora o potencial das redes sociais digitais como ferramenta para divulgação científica voltada para a Astronomia. A pesquisa tem como título “O Instagram como ferramenta para divulgação científica em astronomia: um estudo de caso na região do Cariri cearense” e detalha experiências do  projeto “Observando o céu do Cariri” – vinculado à Pró-Reitoria de Extensão (Proex/UFCA).

Por meio de uma página do Instagram mantida pelo projeto durante a pandemia de covid-19, os pesquisadores observaram o potencial dessa mídia e a predominância de um público jovem engajado em tais conteúdos. 

A metodologia do projeto, aliada ao uso de ferramentas como o Stellarium (software para visualização do céu) e à criação de materiais culturais, como cordéis e tirinhas científicas, segundo os estudos, provou ser eficaz na difusão de conhecimentos na área estudada. Nesse sentido, a pesquisa conclui que o uso do Instagram, com sua combinação de imagens atraentes, informações concisas, recursos interativos e um amplo alcance, é uma ferramenta promissora para a divulgação científica em Astronomia. 

O trabalho tem como autor principal o discente Claudio do Nascimento. Os estudos foram realizados em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e da UFRN. O artigo foi publicado em 26 de setembro de 2024 na Cadernos de Astronomia.

Alinhamento automático de imagens do disco solar

Com o nome “Alinhamento automático de imagens do disco solar e determinação precisa de coordenadas heliográficas de manchas solares com PySDIA”, o terceiro artigo foi desenvolvido pelos mesmos pesquisadores do trabalho aceito na Solar Physics.

No caso desta pesquisa, eles utilizaram uma ferramenta chamada Python Solar Disc Image Alignment (PySDIA), que consiste em um código Python (tipo de linguagem de programação) automatizado para alinhamento e correção rotacional de imagens de discos solares capturadas com telescópios de pequena abertura.

Esse código, por sua vez, foi aplicado em um conjunto de 101 imagens, feitas em um período que vai de 8 de novembro de 2022 a 4 de dezembro de 2023. As fotos foram usadas para caracterizar e extrair coordenadas heliográficas de 250 manchas solares. O estudo das manchas solares, como descrito no trabalho, é crucial para o entendimento da atividade solar e os primeiros registros datam de 1500-1050 a.c. 

Tendo em mente o desafio de alinhar manualmente, por meio de programas de edição de fotos, um grande volume de imagens dessas atividades solares, os pesquisadores criaram a PySDIA. A ferramenta foi desenvolvida com a intenção de reduzir erros durante as análises. 

O artigo também foi desenvolvido em parceria com os pesquisadores da Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e publicado na Caderno de Astronomia em setembro deste ano.

De acordo com o professor Tharcísyo, os referidos estudos mostram a importância dos trabalhos realizados por pesquisadores do IFE/UFCA: “Mesmo diante das dificuldades enfrentadas pelos cursos de Licenciatura e pela distância dos grandes centros de pesquisa, é possível desenvolver ciência de qualidade e orientar os estudantes em uma trajetória de sucesso acadêmico”, ressaltou. 

Serviço

Licenciatura em Física
fisica.ife@ufca.edu.br