UFCA participa de ações para acolhimento de migrantes e refugiados no Cariri

Com a desvalorização do petróleo no mercado internacional, por volta de 2014, iniciou-se uma profunda crise econômica na Venezuela: país que tem nesse recurso natural sua principal fonte de renda, até hoje. Com a recessão da economia venezuelana e um aprofundamento da crise política no país, vieram o desabastecimento (especialmente de alimentos) e o desemprego, o que provocou uma severa crise humanitária e, consequentemente, uma onda migratória de venezuelanos para países vizinhos (principalmente para o Brasil).

Até então, a pauta “Migração e Refúgio” não era tão familiar à população brasileira. O país sul-americano tem sido o destino de muitas famílias, de diferentes partes do mundo, que enxergaram na migração para o Brasil uma alternativa a contextos dramáticos vivido em seus locais de origem. Assim, com o aumento de refugiados e de migrantes no Brasil, tornou-se comum encontrar, nas cidades brasileiras, pessoas de outros países em busca de alimentos ou de um emprego.

É o caso e Fahd e Aminah: um casal que viveu na Síria, fugiu para a Turquia e, hoje, busca se estabelecer no Cariri. Fahd é sírio e Aminah é brasileira, descendente de libaneses. Ambos vieram para o Brasil após fugirem da Turquia, em razão de um terremoto de magnitude 7,8 que ocorreu em 6 de fevereiro deste ano, na cidade turca de Gaziantep. Antes, o casal vivia na Síria e também precisou deixar aquele país, em razão da guerra na Síria (em curso desde 2011).

No Cariri, a família árabe recebeu apoio da Cáritas Diocesana do Crato e da Pastoral Nacional do Migrantes. Ambas, junto a outras instituições e movimentos sociais (entre os quais está a Universidade Federal do Cariri – UFCA), vêm viabilizando formas de acolher migrantes e refugiados na região. Essa reunião de instituições deu origem ao Comitê Caririense de Migração e Refúgio: ligado à Diocese do Crato e ainda atuante, no apoio a pessoas desamparadas no Cariri.

Conforme Cláudia da Silva, docente do Centro de Ciências Agrárias e da Biodiversidade (CCAB/UFCA), o trabalho de amparo a migrantes e a refugiados vem sendo realizado, de forma coordenada, há cerca de três anos: “As ações já permitiram a inclusão de mais de 150 migrantes na região. Alguns com sucesso; outros, nem tanto, em função da dificuldade da empregabilidade. Já outros tiveram a oportunidade de se estabilizar um pouco e partiram para outros estados, como São Paulo, Mato Grosso e Espírito Santo”, disse. De acordo com a docente, integrante da Cáritas Crato e da Pastoral do Migrante, considerando apenas famílias venezuelanas, o número de acolhidas é de cerca de quarenta, desde o início da mobilização interinstitucional.

Cláudia e o também professor do CCAB/UFCA, Janailton Coutinho, visitaram Fahd e Aminah na residência da família migrante, em Missão Velha. O casal está no Cariri há quatro meses, porém, ainda enfrentando dificuldades importantes. Fahd, apesar de ter conhecimentos em hidráulica, em sistemas de irrigação e esgoto e construção e até de saber fazer comida árabe, ainda não conseguiu um emprego na região: “Fahd, em sua cultura, entende que ele deve prover o sustento de sua família e, pela primeira vez, não consegue fazê-lo. [Ele] se sente muito frustrado em não conseguir trabalhar”, explica a professora Cláudia.

No caso de migrantes oriundos da Venezuela, o governo brasileiro estabeleceu, em 2018, a Operação Acolhida, realizada pelo governo federal em parceria com entes federativos, com agências das Nações Unidas, com organismos internacionais, com organizações da sociedade civil e com entidades privadas. Com mais de 100 parceiros, a Operação oferece assistência emergencial aos refugiados e migrantes venezuelanos que entram no Brasil pela fronteira com o estado de Roraima.

Ações de amparo a migrantes e refugiados na UFCA

Na UFCA, as ações para apoio a migrantes e a refugiados iniciaram-se ainda em 2018, com a arrecadação de 300kg de alimentos durante os jogos universitários da UFCA. As doações foram encaminhadas ao Comitê de Migração do Cariri e distribuídas às famílias migrantes.

Em 2019, a UFCA somou forças ao trabalho do Comitê de Migração e Refugio, da Cáritas Diocesana. Naquele ano, quando o Cariri contava com sete famílias venezuelanas na região, a Pró-Reitoria de Cultura (Procult/UFCA) iniciou uma campanha de arrecadação de alimentos não perecíveis. Também era possível doar itens de limpeza, de higiene pessoal, além de artigos de cama, mesa e banho.

Ainda em 2019, a UFCA instituiu um Grupo de Trabalho para tratar de políticas acadêmicas para migrantes, refugiados e apátridas. A medida levou em consideração a parceria entre o Brasil e as Nações Unidas na resposta à crise humanitária na Venezuela.

Doações em 2023

Conforme os docentes do CCAB/UFCA, ainda é possível (e necessário) fazer doações às famílias migrantes no Cariri, em quaisquer das instituições citadas. Na UFCA, os professores atuam no campus Crato, que fica na Rua Ícaro de Sousa Moreira, nº 126, no bairro Muriti. São necessários itens como roupas femininas e masculinas (limpas e em bom estado), alimentos, móveis, eletrodomésticos, celulares e mesmo ofertas de emprego, para as famílias ainda desamparadas.

Refugiado X Migrante

Conforme a Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), o termo ‘refugiado’ faz referência a pessoas que fugiram de guerra ou de perseguição e cruzaram uma fronteira internacional. Já os ‘migrantes’ são as pessoas que se deslocaram por razões que não se encaixam na definição legal de refugiado.

Serviço

Centro de Ciências Agrárias e da Biodiversidade (CCAB/UFCA)
Rua Ícaro de Sousa Moreira, nº 126. Bairro Muriti. Crato-CE
+55 88 3221.9502
ccab@ufca.edu.br

Cláudia da Silva Magalhães – docente CCAB/UFCA
claudia.magalhaes@ufca.edu.br

Janailton Coutinho – docente CCAB/UFCA
janailton.coutinho@ufca.edu.br